Sentada a beira da cama, observa o fim de tarde, com os raios de sol passando por sua janela. Chora, incansavelmente chora, com medo de bater o sentimento de arrependimento.
Sabe de tudo que irá enfrentar se levar este plano adiante, sabe de tudo o que perderá, sabe de tudo.
As lágrimas caem, e ela com a mão fria e úmida sobre seus lábios, chora com espanto.
Agora não mais, ja chegou até ali, não ia deixar seu orgulho morrer, e voltar, voltar e continuar naquele lugar.
Sempre teve tudo o que desejou, mas sempre achava que faltava algo, precisava se sentir assim pra alimentar sua solidão. Procurava motivos pra ficar triste, queria fugir. Agora ninguém mais a impediria, mas o friozinho na barriga foi aumentando, a coragem diminuindo, e o sentimento de indiferença em relação a todos que iria deixar foi se transformando. Agora pensava neles, como se sentiriam, sentiriam sua falta? talvez um dos motivos dela fazer tal loucura, fosse esse. A vontade indomável de ter atenção, ser mimada e cuidada ao extremo. Queria que todos sentissem sua falta, mas ao mesmo tempo não queria que ninguém ficasse magoado com a sua atitude. Ela esperava que todos fossem a sua procura, pra ao menos se sentir querida, percebida.
Se levanta da cama, pega a pequena mochila com seu tesouro, e sai. Abre sua janela, vê o lindo pôr-do-sol e se afoga nele. Agora as lágrimas caem com mais intensidade, será necessário tanta insanidade?
Ela sai como uma ladra, aquele medo de ser pega, uma dor insúportavel no peito, com o mundo dizendo pra ela voltar... Mas seu orgulho é maior, não a permite voltar, não permite tanta humilhação. Ela vai. Olha para trás com dificuldade, a dor agora a toma pelo corpo inteiro, fica dificil se movimentar. Sabe que o mundo será bem pior do que onde vivia, mas ela prefere estar com a tão sonhada liberdade.
Viver como uma desconhecida, viver invisivelmente, apenas viver. Sozinha, sem ninguém, apenas viver.
Caminha pela rua, e naquele momento ja se esquece de tudo o que viveu, a euforia da tal liberdade a corrói, a independencia que ela sente naquele momento, a faz continuar o caminho, como uma manivela, que não a deixa parar.
Juliana Craveiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário